quarta-feira, 3 de setembro de 2008

A PRODUÇÃO DE COURO EM IPIRÁ: Modernidade e artesanato em conflito de gerações.

Conhecida como a capital do couro na Bahia, com cerca de 60 mil habitantes, Ipirá tem um centro movimentado, mas diferente do que já foi, e a sua feira-livre é uma das maiores do nordeste, tradicionalíssima, tem quase 150 anos. Os compradores, de longe, conhecem a fama de Ipirá.

Trinta, quarenta anos atrás, o couro era a alma da feira, lá ainda tem todo tipo de peça de roupa pra vaqueiro e selas, arreios de todas as cores, cintos e sandálias, mas não é fácil resistir a pressão das novidades do que pareçe ser mais fácil, mais prático, o couro artesanal está desaparecendo, na onda da modernização, até cavalos estão sendo substituídos por motos nas fazendas do município.

Quem vê por exemplo um cinto, ou sapato de couro pronto, não imagina como ele dá trabalho, principalmente se for feito de forma artesanal. No povoado do Malhador, onde vivem mais ou menos 1.100 pesssõas, ainda se curte couro dessa forma. O processo não é fácil e leva muito tempo até ficar pronto. Tudo começa com o couro sendo salgado e daí espera se um tempo onde fica em conserva, depois é levado ao rio, onde fica cerca de 6 horas imerso em água até tirar o sal. Na próxima etapa é levado a outro tanque e misturado ao cal e sulfeto de sódio por uns 10 dias até amolecer para facilitar a retirada dos pêlos e depois, volta ao rio, desta vez para retirar a película interna (resíduos de carne). Mais uma etapa surpreendente da curtição do couro, ele literalmente apanha à pauladas, cerca de 10 minutos em cada um, assim ficam flexíveis. Ainda falta um truque especial, o couro está com a cor avermelhada, e é a casca de angico (espécie de árvore), misturada com água que dá consistência e a cor que conhecemos nos produtos. São cerca de 3 mêses de trabalho duro até o couro ficar pronto para o artesanato. Aí é que entram as pequenas fábricas, umas 200 em todo o município de Ipirá, onde juntas geram mais de 3 mil empregos. Uma das maiores é a Classe Couros que produz carteiras, cintos, bolsas e sapatos para todo o Brasil (ver fotos acima), e aliado à modernidade, tem até site na internet. E essa tão falada modernidade, um dia tinha que chegar, hoje a cidade conta com uma grande fábrica, a Paquetá (foto abaixo), que emprega 2 mil pessõas na cidade, são jovens que antes tinha como destino inevitável São Paulo. A fábrica exporta seus produtos para países como Argentina e Uruguai, produzindo peças de marcas famosas a exemplo da Adidas e Diadora. Além de Ipirá, ela conta com outras unidades em todo o Brasil, como no Ceará e no Rio Grande do Sul. Um mercado amplo, mas que ainda nessesita de organização, muitas fábricas ainda trabalham na ilegalidade devido a alta taxa tributária do país, falta incentivo fiscal, cursos de aperfeicoamento e respeito as leis trabalhistas e ambientais.

5 comentários:

Unknown disse...

gostaria por gentileza de sua ajuda para vender mais de 50mil kg de couro de boi salgado. se poder me ajudar para mim dr qualquer informação vou ficar muito agradecida. sem mais! Mj

REN@TO S@NTOS disse...

Caro "sybillasilva":
Infelismente não trabalho nesse meio e além do mais a "postagem" refere-se a Ipirá e eu não estou nesse momento lá.
Grande abraço e espero que consiga!

REN@TO S@NTOS

Unknown disse...

Boa noite!!!
gostaria de saber endereços de fábrica de sapatos e bolsas em couro na cidade de Ipirá-BA,pois sou revendedora,e gostaria de comprar com preços mais acessivêis.
Obrigada,Priscila Lima SSA-BA

Unknown disse...

Cara PRISCILA, segue relação de alguns fabricantes:

> http://www.classecouro.com.br/
> Areda Calçados (75) 3254-1652
> http://www.dominuscouro.com.br/

Unknown disse...

Boa tarde

Preciso de alguns contatos de artesaes para produzir pra mim algumas peças em couro,pois sou revendedora e no momento estou sem um artesao.


Gostaria que voces me indicassem alguns para que eu posso entrar em contato e junto a eles, negociar.
Desde ja, grata.
Leticia